domingo, 17 de abril de 2016

Para sempre quem?



 O Alzheimer é uma doença horrível. Conviver com o Alzheimer é horrível. Ver alguém que você ama com Alzheimer é horrível. Eu acabei de ver o filme 'Para Sempre Alice' e estou com mais certeza da dor que a doença traz.
 Minha avó tem Alzheimer. Minha vó tinha memórias. Minha vó perdeu tudo e ficou dependente de um passado que ela não tem certeza de como foi. Minha vó esqueceu do filho. Parou de assistir novelas. Minha vó culpa todo dia a cabeça dela por ter perdido as coisas que ela mais gostou. Alice perdeu o emprego. Alice perdeu a esperança.
 Memórias são tão valorizadas, merecidamente valorizadas. A ciência é merecidamente valorizada. Esse filme me fez pensar como é bom ter a genética no mundo, aquela alegria pela matéria na qual eu escolhi trabalhar. Os filhos de Alice conseguiram saber se seus 50% de receber o gene causador do Alzheimer precoce, a filha de Alice conseguiu escolher embriões sem o gene para implantação. A ciência faz milagres.
 Não tem cura? Não tem prevenção? Tem sofrimento? Tem tanta coisa no mundo sem resposta e tantas lágrimas jorradas. O não reconhecimento de si próprio e sua história. Para sempre o que? Os momentos são perdidos e só a dor é diária. Eu odeio o Alzheimer. Eu odeio saber que existem sei lá quantas pessoas no mundo que acordam sem poder ter um dia normal. Eu odeio saber que minha vó não reconhece as pessoas. Eu odeio saber que a maioria das coisas que valorizo são efêmeras e o importante é desperdiçado.
 

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